terça-feira, março 28, 2006

A Nossa Morte

"O que mais me intriga e dói na nossa morte, como vemos na dos outros, é que nada se perturba com ela na vida normal do mundo. Mesmo que sejas uma personagem histórica, tudo entra de novo na rotina como se nem tivesses existido. O que mais podem fazer-te é tomar nota do acontecimento e recomeçar. Quando morre um teu amigo ou conhecido, a vida continua natural como se quem existisse para morrer fosses só tu. Porque tudo converge para ti, em quem tudo existe, e assim te inquieta a certeza de que o universo morrerá contigo. Mas não morre. Repara no que acontece com a morte dos outros e ficas a saber que o universo se está nas tintas para que morras ou não. E isso é que é incompreensível - morrer tudo com a tua morte e tudo ficar perfeitamente na mesma. Tudo isto tem significado para o teu presente. Mas recua duzentos anos e verás que nada disto tem já significado. "

Vergílio Ferreira, in 'Escrever'

domingo, março 12, 2006

"Ó Amor! Ó Fogo! da mesma forma que tu
Com meros lábios e um longo beijo
Toda a minha alma extirpaste,
Também o sol, no seu enejo,
Todo o orvalho secou!"

Lord Tennyson

quinta-feira, março 09, 2006

"Veloz como uma sombra, curto como um sonho;
Breve como um relâmpago na noite escura,
Que com melancolia revela o céu e a terra.
E antes que o homem consiga dizer:"Olhai!"
Eis que as mandibulas da noite o devoram:
Como tudo o que é luminoso se perde rapidamente na confusão.!

William Shakespeare