segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Alma gelada....

Aqui sentada,enrolda no meu cobertor ouvindo o uivo do vento na minha janela,sinto-me gelada,não no corpo mas na alma!
É engraçado sentir-me assim no preciso momento em que estamos no meio de um frio gélido que nos deixa sem vontade de sair da cama!Mas também não me apetece sair da cama não só pelo frio da rua...não...também pelo frio que me vai na alma e me apoquenta o coração...é engraçado como um espectro gélido com o qual tenho de lidar todos os dias da semana consegue tirar uma pessoa do seu calor que tanto lhe traz calma para o lançar no frio gélido que lhe traz a inquietude????
Pois...eu tenho um espectro que me apoquenta a alma que me atormenta e me deixa gélida perante o dia a dia...sim gostava de expldir como um vulcão...mas não posso , não passo de uma mortal que tem de levar o seu dia a dia sem poder extravazar o que lhe vai na alma!
E assim continuo aqui tentando descansar e aquecer-me de corpo e alma no meu cobertor....

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Tarde no Mar

A tarde é de oiro rútilo: esbraseia.
O horizonte: um cacto purpurino.
E a vaga esbelta que palpita e ondeia,
Com uma frágil graça de menino,
Pousa o manto de arminho na areia
E lá vai, e lá segue o seu destino!
E o sol, nas casas brancas que incendeia,
Desenha mãos sangrentas de assassino!
Que linda tarde aberta sobre o mar!Vai deitando do céu molhos de rosas
Que Apolo se entretém a desfolhar...
E, sobre mim, em gestos palpitantes,
As tuas mãos morenas, milagrosas,
São as asas do sol, agonizantes...


Florbela Espanca

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Cansaço.....

Ora aqui vos deixo um poema que descreve o que sinto neste momento.... muito mesmo...

O que há em mim é sobretudo cansaço
O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas
-Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada
-Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo,
ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada,
isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...
Álvaro de Campos

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Estrelas

Olá bem vindos ao meu "cantinho",que espero que sirva nem ke seja para dar um sorriso a alguem!
A ti Ana um muito obrigado por me teres dado esta ideia!
Assim ja posso deixar os meus desabafos e o que me vai na alma!
Aqui fica um poema que eu adoro!

"Ora direis ouvir estrelas!"

"Ora direis ouvir estrelas!
Certo perdeste o senso!
E eu vos direi, no entanto,
que para ouvi-las, muita vez desperto
e abro as janelas,pálido de espanto...
e conversamos toda a noite, enquanto
a via láctea, como um páteo aberto,cintila
e ao vir do sol, saudoso e em pranto,
inda as procuro pelo céu deserto!

Direis agora:
"Tresloucado amigo!
Que conversas com elas?
Que sentido tem o que dizem,quando estão contigo?
E eu vos direi:
Amai para entende-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas!

Olavo Bilac
(Poeta brasileiro)